Às vezes precisamos decodificar e adaptar as mensagens
que recebemos por todos os lados ao invés de simplesmente introjetá-las.
Moderação é que nem Bombril: serve para tudo nesta vida. Já basta engolir esses outdoors de autoajuda que a mídia
vomita nos telespectadores nesta época do ano, vamos pensar, cada um, com sua
própria cabeça, afinal, é para isso que Deus deu uma a cada um e não uma coletiva,
de uso comum.
Sou uma dessas pessoas que sempre
ouviu e cumpriu a máxima de “correr atrás do que se quer”. Empenho sempre foi
meu sobrenome. No entanto, algumas vezes as coisas aconteciam, e outras tantas, não. Ficava
intrigada com as pessoas que nada faziam e eram agraciadas com surpresas inesperadas.
Meu espanto era tamanho que foi alvo de sessões seguidas de terapia. Sentia-me abandonada
pela sorte, logo eu que tanto fiz para merecê-la!
Pensando sobre o assunto,
consegui perceber uma linha comum de comportamento nesses sortudos invejados:
eles não carregavam o peso da ansiedade, faziam a sua parte e, pasmem, sabiam
esperar. E esperar não o relógio, mas o tempo das coisas, que é diferente do
tempo do mundo, empacotadinho em horas, dias, anos. Enquanto o dia esperado não
vinha, viviam suas vidinhas sem que o desejo se tornasse obsessão. Simples
assim, como uma manhã de domingo. A diferença entre nós, o público fiel dos
ansiolíticos, e eles, os que vinham de fábrica com uma produção interna de
corta-ansiedade, era que eles não deixavam a vida em suspenso enquanto seus
anseios não viravam realidade. Não diziam para si mesmos: “quando eu mudar de
casa, faço isso”, ou “quando encontrar um
marido, faço aquilo”. Eles se viravam com o que tinham, e viviam felizes
sabendo que um dia algo viria para modificar suas vidas. Não ficavam desenhando
palitinhos na parede esperando o dia que seriam livres, já eram livres enquanto
esperavam por este dia. Livres deste grande mal: a ansiedade.
Mas, vem cá, como é possível
viver enquanto se espera? Eu diria que, apesar dos nossos maiores esforços, não
somos nós que mandamos em nossas vidas. Contribuímos muito para o que virá, mas
não há nada que possamos fazer que nos assegure o que iremos receber e quando.
Esse é um dos maiores medos que temos que enfrentar, afinal, o de que nem tudo
pode dar certo em que pese nosso sangue, suor e lágrimas. Não sei se essa
constatação vai me trazer mais ou menos serenidade, ou se, de alguma forma, vai
esvaziar meu ânimo para voltar à luta. Quem sabe me ajude a sintonizar a dosimetria
certa de empenho e de esforço a verter em meus projetos, no que sempre exagerei
na conta sem ver muito resultado. Ou, e prefiro este final para a história, que
seja o início de uma revelação que me foi dada pela metade. Não sei. Só sei que
devo me preocupar menos, e aprender a deixar um pouco mais frouxa esta rédea na
qual eu seguro a minha vida. E sair galopando sem destino por aí vez ou outra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário