terça-feira, 28 de maio de 2013

Do Que Eu Sei Do Amor

Amor é palavra de rima fácil, é aconchego em dia de chuva, é suor e é abraço, dia de sol com mormaço. 
Quando vem do passado, traz de volta a infância. Lembrança do amor de outrora, de criança, aquele a quem Platão legou seu nome.
Amor de noiva, da espera em ser sua, de coração apertado, abafado nas pontas do véu cor de lua.
Amor de pai, herói das histórias sussurradas ao menino valente à beira da cama.
Amor de saudade, de quem espera por quem não veio ou por quem não volta nunca mais.
E aquele que dizem ser o maior do mundo, o amor que nasce no dia da luz. Amor que não tem fim, que não cabe em si, e que perene que é, sobrevive a dor, a vida, ao luto. Amor de Maria por Jesus.
É elo que nos une a quem nem conhecemos, é explosão de repentinas afinidades.
Amor é preocupação em teimosia que não nos abandona. Nem depois da maioridade.
É régua imaginária que ora limita ora expande o sentido da vida.
É mistura de gota de chuva com saliva na língua, e de mãos quentes e úmidas, entrelaçadas.
Amor é a esquina da vida, onde se vive em suspenso, aguardando o próximo passo.
É coração arrebatado por soluços de carícias sobre o ser amado.
É o oposto do ódio, esse danado pseudônimo do amor rejeitado.

Pequeno Conto da Menina que Tinha Tudo

Conhecia uma menina de vinte e poucos anos que precisava engolir o mundo. E não é que quase foi engolida por ele?
De tudo, tinha muito. Sua avidez era um claro sinal de insegurança.
Muitos amigos, um mundo de sonhos, tantos namorados, quantos sapatos. E sua ansiedade era alimentada cada vez que se excedia, que consumia, que engolia mais e mais. Nunca estava satisfeita. Nunca chegava a lugar nenhum. A procura a sufocava, mas estava mesmo era infeliz.
Nada é o bastante para quem não tem medida.
Até que um dia, sem que tivesse um único espaço livre em seus armários ou em seu coração se viu obrigada a doar, a esvaziar, a desinchar e mudar o rumo da sua vida. A vida lhe dizia: Retroceder ou paralisar, e ela escolheu recomeçar, com menos, mais leve, sabendo que assim seria mais fácil ir mais longe. O autocontrole era sua nova régua, e um novo horizonte se abria. Saboreava o suave gosto da satisfação e com ela se deliciava. Um sopro de felicidade anunciava novos ares, enfim.