quinta-feira, 22 de março de 2012

Rosário

Recebi um convite honroso e inesperado. Como as boas coisas da vida. Amadrinhar, em consagração a Maria, é ser mãe de novo, e melhor, mãe sem bronca, sem noite em claro, mãe sem culpa. Fico com a parte mais gostosa, e não abro mão disso. Ter uma afilhadinha com nome de flor, com nome de música, com nome de cor. Pura poesia. Rosinha, hoje minhas palavras são suas!


Outro dia era botão de rosa. Hoje já desabrochou

Menina da pele alva, do cabelo escuro, menina flor

Cor do céu de outono ao entardecer

Rosa: que quero ver-te crescer

Que Deus lhe afaste dos espinhos e lhe cubra sempre de luz

Que ELE abençoe este dia, bendito dia, em que conheceu Jesus.

terça-feira, 20 de março de 2012

Faz me rir!

Hahaha. Morro de rir.O cara é assalariado, pendurado no cartão de crédito, mora com a sogra e faz malabarismos com o orçamento no final do mês. Você convida ele para jantar, ele vai com a esposa, todo pomposo, usa a blusa de grife que o cunhado trouxe de Miami e o perfume repassado pelo chefe que ganhou de presente no natal passado.
Você compra um vinho tinto argentino, bem recomendado, prepara um bom assado, encomenda uma sobremesa.
Ele apanha a garrafa, procura o país de origem, faz cara de intelectual para ler o rótulo e dá o diagnóstico depois do primeiro gole: frutado, aromas do Mediterrâneo, retrogosto de frutas vermelhas. E faz aquela pausa. A esposa, orgulhosa, enche o peito e dá um sorriso, olhando ao redor para mostrar a todos a sua expressão de primeira dama de Baco. Eu, incrédula com a cena, dou uma gargalhada. Mas que presepagem é essa? Virou sommelier? Eu que não me aguento! Eu que não seguro a língua dentro da boca!
Deixa eu explicar: adoro ser brasileira. Mas brasileiro tem dessas coisas, já falei aqui. Adora mostrar o que não sabe para parecer inteligente, para se enquadrar nos modismos de ocasião, para aparecer, diria minha mãe. Precisa fazer parte de uma tribo qualquer e andar por aí com o crachá pendurado no pescoço.
A onda agora é correr maratona, gostar de cerveja importada, entender de vinhos, conversar sobre arte moderna, viajar para Turquia. Tirando sempre muitas fotos para registrar para a posteridade, quer dizer, para a comunidade. Como somos cultos, ui!
Daqui a pouco a onda muda, e não se espante, vamos nadar para o outro lado. Basta que uma revista de domingo aponte as novas tendências que estaremos todos lá, na fila, esperando as novidades chegarem. Não importa, precisamos participar. E olha que eu também me incluo nisso, brasileira que sou .
Tudo bem, você diz, cada um gasta seu dinheiro e seu tempo como quiser, ninguém tem nada com isso. I know, baby, mas acho graça. E ainda com minha língua afiada e com meu dedinho nervoso, aí então que não me seguro!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Admirável Mundo Novo

Outro dia assisti a uma entrevista de um americano famoso, mas desconhecido para mim, que me fez chorar e rir ao mesmo tempo. Ele dizia que o mundo é maravilhoso, mas as pessoas nunca estão felizes. Tive que concordar. Ele lembrou que fazia parte de uma geração em que os discos de telefone eram um desafio diário para a paciência. Quem tivesse mais de um zero no número era praticamente um lobo solitário porque para se acionar o zero era preciso virar o disco todo do telefone e isso dava um trabalhão danado. Era mais fácil esperar que o destino nos fizesse cruzar com aquela pessoa do que ligar para ela. Pensando aqui com meus botões: devia se gastar parte do dedo indicador ao longo da vida nesta tarefa.
Exageros a parte, hoje temos internet rápida, sem fio, telefones móveis que funcionam quase em qualquer lugar, e as pessoas ainda estão insatisfeitas. “De que adianta ter celular se não atende” ou “que droga, meu sinal não pega no metrô”. Quantas vezes eu mesma me peguei pensando assim! Mas vem cá, me diz, que raio de urgência é essa que não espera os poucos minutos que se gasta em atravessar quilômetros num trem subterrâneo de alta velocidade?
Uma outra cena comum, que você já deve ter presenciado, certamente. Pessoas incomodadas em deixar descansados seus aparelhos portáteis dentro das bolsas durante sessões de cinema, ou mesmo durante pousos de vôos. Mal se pisa o solo, e mesmo contrariando as recomendações técnicas, os passageiros não se agüentam e precisam verificar mensagens, checar emails, espiar a vida alheia nas redes sociais. Nos cinemas, que sempre foram refúgios de nós mesmos, o nosso eu virtual insiste em invadir o sagrado escurinho que agora reluz com os aparelhinhos indóceis de seus donos impacientes. E lá vamos nós de novo, afoitos por afagar nossos bichinhos de estimação, escravos desta tecnologia que acabou por nos subjugar totalmente.
Para aqueles que, como eu, viveram, mesmo que na tenra infância, a outra era, a era da vida real, ainda surpreende como fomos flechados pelos supérfluos tecnológicos. Aonde foi que nos perdemos, afinal. E qual é o sentido de tudo isso? Ganhar tempo? Ter ferramentas que facilitam nossa vida, nos aproximar de quem amamos? Ops, alguma coisa deu errada. “Houston, we have a problem”. Continuamos correndo, sem tempo, distantes, exaustos. O jeito é dar um boot e começar tudo de novo.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Confissões de uma balzaquiana

Devo confessar, ainda que engasgada com o sabor amargo do constrangimento que esta constatação  provoca: não nasci para ser rebelde. Sou uma ferrenha cumpridora de regras em tempo integral, uma trabalhadora braçal, de sol a sol, em ser certinha. Não espanta qual carreira eu tenha escolhido seguir. Meu boletim nunca trouxe anotações, não tenho pontos na carteira de motorista, sou mais fiel que um cachorro, minha ficha corrida é transparente de tão limpa. WTF? Você deve estar pensando. O problema é que ando farta de andar sempre na linha. Em 33 anos de vida meus maiores pecados foram tomar uns porres de vez em quando, sair da dieta, gastar um pouco além da conta (embora nunca tenha estourado meu limite de crédito) e, aimeudeus, nada mais. Nem cabular a aula! Nunca tomei multa, nunca bati o carro, nunca fugi de casa nem fiquei de castigo, nunca fumei o cachimbo da paz, nunca fui demitida. Nunca, nunca. Madre Teresa de Calcutá perderia o posto para mim. Como ainda não enlouqueci?
Pensando bem: tenho meus momentos de rebeldia, não sou santa, longe disso. Gasto toda esta energia reprimida de forma construtiva: faço exercícios, trabalho, cuido de filha, escrevo, leio, namoro, viajo, danço. Não é pouca coisa. Sempre foi assim, minha rebeldia adolescente era ouvir música aos berros trancada no quarto enquanto escrevia ferozmente numa máquina de escrever Olivetti, presente de natal dos meus 13 anos. Minha droga predileta, por sorte, era legalizada e vendida a poucos metros da minha casa: leite condensado misturado com Nescau ou qualquer outra coisa pastosa e doce, ok, também servia. Meu desafio maior era me tornar quem eu queria ser e para isso, vixe!,gasta-se uma energia danada.
A minha sorte é que sempre tive foco e nunca me deixei levar por modismos. Sabia, desde cedo, que os prazeres mundanos precisavam ficar sob controle, como um cão feroz, para não atacar seu próprio dono.
Explicação dada, obrigada, Freud. Mas ainda preciso fazer uma loucurazinha básica, sem efeitos colaterais, just for fun. Aceito sugestões, nada público, lembre-se de ser discreto como quem vos fala. Mande suas dicas inbox.

quinta-feira, 1 de março de 2012

As Maiores Invenções da Humanidade

A resposta pode até ser cretina, mas preciso perguntar. Para você qual é a melhor invenção da humanidade? Já mudei de respostas ao longo dos anos, mas resolvi listá-las e fazer um agradecimento público a esses soldados desconhecidos que venceram a incredulidade dos outros, as suas próprias dúvidas, a ignorância, até fincarem sua bandeira naquilo que criaram e que mudou nossas vidas.
1- Avião. A vida moderna seria inimaginável sem ele. Ganhamos tempo, segurança e porque não dizer, conforto. Imagino o que sofreram as moçoilas da Idade Média em seus pangarés franzinos que levavam dias para percorrer caminhos que hoje fazemos em minutos. Santos Dumont, i will always love you! Desde criança que adoro a sensação de levantar vôo e ir vendo os objetos diminuindo de tamanho pela janela do avião. Diversão garantida!
2 – Fraldas descartáveis – ok, ok, essa é uma escolha que só uma mãe faria. Saber que minhas recentes antepassadas, algumas ainda vivas, eram obrigadas a lavar e a passar fraldas de pano reutilizáveis sujas de cocô de papinha me dá arrepios. Eu realmente penso que antes da fralda descartável a mulher não poderia trabalhar simplesmente porque se o fizesse não seria humana. Somente a mulher maravilha daria conta da quantidade de fraldas de pano de uma família de três filhos, por exemplo, mais o trabalho em meio expediente. Sim, porque se trabalhasse mais que isso nem a heroína em quadrinhos daria conta.
3-Ar condicionado- Devo lembrar que esta lista é absolutamente pessoal. E não, eu não acho a internet ou o celular mais importantes. Eu moro num País Tropical, abençoado por Deus com temperaturas desérticas e sou obrigada a trabalhar em pleno verão carioca numa avenida em que - já testaram- se jogar um ovo, ele frita. E rápido. Entendeu agora?
4-Computador- talvez antigamente fosse fácil pensar na vida sem ele, e nem faz tanto tempo assim, lembro que eu mesma fazia meus trabalhos de escola buscando informações nas enciclopédias e os redigia em papel almaço. Alguém mais da época jurássica? Pois é, seja o original ou qualquer variação dele em telefone ou em aparelhos portáteis transformou a relação que temos com o mundo e encurtou distâncias.
E ainda tenho, em pensamento, inúmeros outros objetos incrivelmente importantes também: o papel, a caneta, o projetor de cinema, a vitrola e por aí vai. Essa é uma lista que não tem como ser enxuta. Well, sorte a nossa. Estamos rodeados por vida inteligente e quando menos se espera surge um novo coelho saindo da cartola. Que ele seja muito bemvindo.