segunda-feira, 23 de julho de 2012

Os Supersensíveis

Essa onda do politicamente incorreto está extirpando nosso senso crítico, que é, afinal, o que o ser humano tem de melhor. A opinião pública E privada está massificada, e ando enjoada de ouvir mais do mesmo. Quero que me surpreendam, que mandem as favas as convenções sociais, que tenhamos coragem em dizer o que anda aprisionado em nós! Um habeas corpus ao besteirol saudável de cada dia! Ponho me a começar.
Quem foi que disse que mulher grávida é linda? Parem com isso. Não há nada angelical em engordar quinze quilos em poucos meses, em ser lobotomizada pelos seus hormônios mais vis, em ficar inchada e não explodir, em ter desejos esdrúxulos e aversão a quem te ama. Em aumentar suas ânsias de vomito e sua produção de xixi em produção geométrica.
E essa onda de ser feliz para o mundo (e infeliz para si mesmo)? Quem inventou? De ter que sorrir histericamente, de ser simpático com quem é falso, de dizer sim quando se quer dizer não...de dançar essa música social mesmo quando se quer ficar sentado no fundo no salão comendo salgadinho e bebendo cerveja. Ninguém alivia, ninguém te permite ficar lá, feliz do seu jeito...
A falsidade combinada de dizer o que a pessoa quer ouvir, e não aquilo que realmente perguntou. E aquele sorriso amarelo que nos denuncia, mas que fingimos não ver. A quem ele engana?
Um gole de “cuidado” tem que ser ingerido religiosamente todas as manhãs para não causar estragos aos ouvidos de cristal e às peles finas que andam se multiplicando por aí. “Cuidado com o que fala”, ou sua versão “pisar em ovos” devem ser calçados todos os dias, como sapatos. Ou, se for descalço, prepare os ouvidos.
As pessoas andam se ofendendo com qualquer coisa, um olhar atravessado, um solavanco sem querer e pronto: lá se ouvem palavrões dos indivíduos intocáveis, dos supersensíveis. Ninguém sabe aceitar uma crítica ou ser atingido por qualquer faísca. Nós e os nossos superegos, superalimentados com Coca-cola, Nescau e Danoninho que nos acalentaram na infância, nos mimaram na adolescência e nos fizeram super heróis: os super frágeis . Nada super.
Quer saber? Hoje eu acordei e coloquei meu ego na geladeira. Vamos ver no que que dá.




quarta-feira, 18 de julho de 2012

Dos medos e outros demônios

A dúvida nunca foi boa conselheira, mas temos que aprender a viver com ela. A danada é presença confirmada no mundo de hoje, de amanhã e do futuro, e vive nos testando e perguntando, a todo momento, se temos certeza. E temos? Haja autoconfiança!
Antes de cada decisão, múltiplas escolhas. A vida virou uma sucessão de questões em que se deve assinalar com um “x”, em que há uma fartura de variedades para tudo.
Ir ao supermercado fazer uma compra simples virou tarefa das mais complexas, um sem número de marcas ou uma diversidade de categorias confundem um consumidor menos atento. Só de açúcar, descobri recentemente que existe o mascavo, o light, o diet (?), o Premium, o em pedaços, o confeiteiro e por aí vai...
A certeza, quando ou se alcançada, fica sambando na corda bamba, bombardeada pelas nossas dúvidas. “Será que fiz a coisa certa?” “E se tivesse sido diferente?”
Com receio dos tombos que possam vir, o ser humano se enrola em sua casca e cada vez menos coloca a cabeça para fora. Tem medo de tudo, e carrega sua inseguranca para onde quer que va . “Não fui eu” é o novo meme corporativo.  Ninguém assume os riscos, a culpa, os erros. Há sempre uma resposta pronta na ponta da lingua, e continua-se rodando sem sair do lugar, num carrossel imaginário.
O medo de assumir suas escolhas e o possível insucesso delas criou uma espécie humana infeliz e eternamente insatisfeita: os “agradadores” compulsivos. Agrada-se a todos, menos a si mesmo. Equilibrista de egos, essa espécie tenta, sem conseguir, atingir o ponto ótimo de satisfação de todos, mas esquece de si mesmo. Não fala nem faz o que quer nem o que pensa, e passa seus dias buscando antiácido que lhe alivie os sapos engolidos inteiros. Missão impossível a dele, mas ele teme se revoltar e ser ele mesmo. Imagine o risco que corre em ser autêntico! Ninguém lhe ensinou a fracassar. Pobre alma!
Sigamos nos enganando, terceirizando responsabilidades, fingindo que estamos aprendendo algo com isso. Mas é perda de tempo, sabemos todos. Há que se deixar a área vip do nosso ego, essa zona de conforto que não nos permite ousar, mudar, errar. E começar de novo, se for preciso. É para isso que estamos aqui, minha gente. Façam valer a pena!