quarta-feira, 23 de maio de 2012

Nome aos bois

Vivemos a era da verborragia exaltada, dos excessos de exclamações, das exasperações inúteis e recorrentes. As palavras foram rebatizadas e ganharam novo sentido: urgência virou chiclete na boca daqueles mimados que precisam ser atendidos na hora que querem, pelo motivo que for. Urgência pode ser usada tanto pelo seu namorado que não admite ser atendido pela caixa postal do seu celular, quanto pelo seu cliente que acha que tem prioridade em falar contigo. Aliás, prioridade é a tendência outono-inverno e primavera-verão: sempre em voga! Prioridade transformou-se em sinônimo do antigo “sabe com quem está falando?” ou, em bom português “ tirem essas pessoas da minha frente que mereço ser atendido primeiro, especial que sou”.
E ainda tem aqueles que acham que depressão é qualquer “não” que se toma, dos tantos que existem nesta vida. Se contrariados ou confrontados, caem doentes e se automedicam com qualquer antidepressivo, dizendo-se em crise. E ai de quem não mostrar cara de preocupação. Aff!
A genialidade e a coragem renasceram sob a alcunha de “maluquice”,  vocábulo frequentemente mal empregado, usado para tudo que não seja convencional aos olhos da maioria. E seguem tantos outros pela desordem alfabética do nosso dicionário de uso pessoal.
Mas atenção: a cura para o mal é de fácil tratamento: voltar aos bancos escolares ou visitar, vez ou outra, o Seu Aurélio, para entender, de vez, o real sentido das palavras. E para o arremate: deixar de dramatizar qualquer probleminha rotineiro, dando os nomes – certos – aos bois que aparecerão pelo caminho.