Dispense o smartphone por alguns minutos e preste atenção. O papo é
sério. Precisamos repensar a educação que estamos dando para os nossos filhos. Ninguém
saber ouvir um “não”. As críticas são rejeitadas enfaticamente, como se fossem
um comentário maldoso e destrutivo, feitas por invejosos, por quem que não
gosta de você. A geração que está crescendo perante nossos olhos é a do “comigo
ninguém pode!.” Não se pode confrontá-los, repreendê-los, questioná-los. Não
foram preparados para lidar com adjetivos negativos sem que ouvi-los seja quase
como receber um soco no estômago ou um tapa na cara. Ou ambas as coisas. Reações
exageradas de crianças grandes e mimadas. Sentem-se acuados, num misto de
insegurança e susto, como se errar ou fracassar fosse ato criminoso e
vexatório. Certamente você também conhece alguém assim.
Em perspectiva macro, esses projetos mal acabados de adultos, ao se
depararem com uma frustração, viram assassinos em série vingando-se do mundo
que não os tratam que nem papai e mamãe. Tiroteio no cinema, tiroteio no colégio.
Quer algo mais brutal e infantil ao mesmo tempo? E lá se vai a conta para o “bullying”,
para os transtornos de personalidade e para mais uma meia dúzia de explicações
psíquicas. As desculpas se proliferam, e desligamos a televisão, chocados e
calados. Se a psiquiatria sempre encontra uma resposta, o que se pode dizer? Que
o mundo está doente, e as pessoas também, diria minha avó.
A frustração e as derrotas fazem parte da construção pessoal do ser
humano e servem quase como um ritual de passagem para o mundo dos adultos. Precisamos
ouvir muitos “nãos” até mesmo para sabermos valorizar um “sim” quando ele
chegar. Ah, porque tem isso também, o excesso de “sim” provoca uma felicidade
anestesiada, blasé, sem sal. E vejo muito isso ao meu redor: adolescentes
premiados a todo instante como se a vida fosse uma sucessão de conquistas e
medalhas. Quando caem na realidade e não sobem ao pódio como estão acostumados,
diagnosticam-se como deprimidos e passam a viver a base de antisiolítico e
terapia intensiva. E nunca ficam curados, já reparou?
Vamos crescer, virar gente grande, parar de fazer beicinho e bater o pé, minha gente! Antes
que seja tarde demais para isso.