terça-feira, 21 de agosto de 2012

Cena de Cinema


Outro dia fui ao cinema, mas nem lembro mais do filme. Fui tomada de assalto por uma cena que aconteceu na platéia.
Um casal já sentado, por descuido, mau jeito, ou seja lá por qual motivo for, ao se ajeitar na poltrona atingiu, com um chute, a poltrona da frente, em que estava sentada uma mulher acompanhada do marido. Isso já aconteceu comigo algumas vezes, e, normalmente, em dias felizes, finjo nem me incomodar, e em outros, mais raivosos, faço um comentário entredentes reclamando da má educação do meu vizinho.
É fato, e consumado, que todos estamos sujeitos a isso num mundo em que convivem bilhões de pessoas, e no qual várias delas dividem o mesmo espaço ao mesmo tempo. O meu desafio particular atual, inclusive, é saber levar estes incidentes na esportiva.
Pois bem. Neste caso, como costumeiramente tenho visto acontecer, o casal da frente- as vítimas do chute- não levaram no fair play. O marido se virou para o descuidado “agressor” e lá se foram impropérios de A a Z, e o que é pior, em alto e bom som para o cinema inteiro ouvir. Algo como “vamos resolver isso lá fora” foi dito por algum deles. Tomei um susto. Eu e todos que lá estavam, e começamos a assistir a deplorável cena: um bate boca sem fim, que levou o casal que provocou o mal estar a levantar-se da cadeira e ir se embora ainda no meio da balburdia. E o cidadão ainda saiu vociferando que o outro, pela sua intolerância, teria estragado o programa dele. Climão total. Mas a cena não terminou aí não. Mal tinha começado o trailer, e o senhor voltou, sozinho, subindo as escadas até a fileira do outro. Silêncio. Princípio de pânico para quem se lembrou, como eu, dos últimos episódios trágicos que tiveram o cinema como palco. Uma pessoa manda um “deixa para lá, cara, vá embora”. E ele, magistralmente se vira para todos e diz: “não vim aqui brigar, fiquem tranqüilos. Vim fazer o que deveria ter feito logo no inicio: pedir desculpas. Já perdi minha noite mesmo, mas acho importante dizer isso em público. Teria evitado todo este constrangimento. E peço desculpas a todos vocês pela confusão involuntária.” Virou-se e foi embora aplaudido. Corrijo-me: ovacionado que nem cantor famoso depois do bis. E ainda me sai com essa:  “ E depois ainda dizem que tricolor é mal educado! Eu sou tricolor, gente! ”
Pronto. Com seu pequeno gesto ganhou até a simpatia dos adversários, em especial da flamenguista que vos fala! Clap, clap, clap!

Nenhum comentário:

Postar um comentário