Lá fora chove
gatos e cachorros. Há amargura, e dor. Há quem queira desistir, quem não
suporte mais esperar. Há quem deixou seu sonho para trás, quem se decepcionou, e
há, também, quem não se dá por vencido, quem morre tentando. Há espaço para
todos, há mundo para tudo. Basta escolher. E seguir em frente.
Posso ser a
executiva super estressada, que coloca metas até para seu bebê de poucos meses:
ele terá que andar com menos de um ano! Ela precisa de um filho bem sucedido
para prolongar seus genes de sucesso.
Posso ser a
sonhadora, romântica, aquela sem grana, que é cheia de ideais, que adora uma
saia comprida florida, e pratica ioga três vezes por semana. Ou a intelectual
ansiosa pelo próximo título acadêmico, que, orgulhosa de seu feito, conta entre
um chope e outro que leu a obra de
Proust toda no original.
Quem sabe ser
a mulher prática, sem frescura, que viaja o mundo todo, e vive morando num
lugar diferente. Ou a hipocondríaca ansiosa, que vive mudando de médico, e se
autoreceitando pílulas de sobrevivência.
Podemos
escolher uma filipeta de papel aleatório, de olhos fechados, sorteando quem
seremos, ou tomarmos uma decisão sensata, equilibrada, consultando a nós
mesmos. Mas podemos ser qualquer coisa. E mudarmos de novo, se assim
escolhermos. E de novo, e de novo. E isso não é incrível? Como ainda não
despertamos para a maravilha do livre arbítrio? Lembro-me de ouvir, nas aulas
de religião de outrora, que Deus nos deixava escolher, e foi assim que conheci
essas duas palavrinhas: livre e arbítrio. E meu mundo mudou.