Você certamente conhece alguém assim. Que está sempre de autos no
pique-pega da vida, sempre em suspenso, se encostar a pessoa reclama. E reclama
também se questionar, se duvidar. Ai de quem queira tirá-la de lá, do seu berço
esplêndido, de onde não pode ser tocada, nem contrariada.
Não saber ouvir críticas, e devolve opiniões contrárias como se fossem um
presente de grego. Rejeita tudo aquilo que não for dela própria: sua verdade,
seu mundo. E um “sai para lá” para quem estiver de fora. Se me ama mesmo,
assine aqui, assine embaixo de tudo que faço, ok?
Ai, como é muito difícil amar alguém assim! Porque nada daquilo que
fazemos passa pelo seu controle de qualidade. E como há de passar? Se só ela é
que saber fazer, se ela é que inventou como se pode amar.
Pessoas assim colecionam códigos: há leis para tudo. E penas para quem
descumpri-las: dormir só se for de luz apagada, beijar só se não for em
público, diversão, só no final de semana, e felicidade só com hora marcada, por
favor. E ai dela se chegar atrasada!
Os agradadores compulsivos do lado de cá, carentes como um cachorro que
caiu da mudança, vivem sofrendo e morrem tentando. Não desistem de agradar a
ditacuja. Como lidar? E me responde minha tia mineira, com nome de santa e com
palavras de fada.
“Deixe para lá, ô, menina, salve
seu coração enquanto é tempo, uai! Pra gente que não sabe ouvi, para que há de
perdê seu tempo a falar? Fica aí escrivinhando, num muxoxo, pelejando para
saber porque que faz tudo errado, num
agrada com nada, mas, olha, tem gente que nasceu para apoquentar mesmo, fica
assim, não, bem. É que tem gente que não sabe dizer o que sente e aí desanda a
machucar quem precisa ouvir carinho!”
As vezes falta palavra, mesmo, tia. E sobra sentimento.Obrigada pelo conselho e pelo pão de queijo.