E todos os
dias começam do mesmo jeito: a vida é repetição: de dias, de desejos, de medos,
de loucuras.
Acordamos ora
cansados ora felizes, e seguimos o roteiro das tarefas diárias, as vezes com
perfeição cirúrgica, outras com desânimo total, na maioria das vezes com um
misto de ambas.
Passamos todos
os dias pelos mesmos caminhos, no itinerário de repetições infinitas que nos
leva ao trabalho, à escola, e de volta para casa. Cumprimentamos quem não
conhecemos, e fingimos não ver quem nos conhece. Beijamos os filhos e
partirmos, sempre com o coração apertado. Tentamos nos divertir no meio da
selva da rotina fugindo para onde houver algum espaço, as vezes com tanta
distração que nos esquecemos de voltar.
Insistimos
naquilo que sabemos que não vai dar certo, por teimosia ou amor a luta, e
rezamos todas as noites por dias novos, que nunca inventamos. Se somos
surpreendidos com a visita do inesperado, agora rezamos, todas as noites, pela
volta à rotina.
Quando o final
do dia chega, vontade de tudo e de nada nos apondera. Vontade de estréias, mas
a televisão nos hipnotiza. Dormimos com a esperança e acordamos conformados e
assim a vida se esvai, dia após dia.
A rotina é
prisão, mas também boa companhia. É aquela presença incômoda, e, ao mesmo
tempo, reconfortante. É a serenidade do que nos é conhecido, outras vezes o tédio
que nos oprime e sufoca .
Rotina tem
cheiro de café com leite e aquele gosto de comida caseira. É o sofá velho da
sala, e o capítulo do dia da novela das oito. É colo, é lar, é afago, dos quais
temos que tirar férias algumas vezes por ano. Sem medo, e sem enganos.
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