terça-feira, 14 de agosto de 2012

Rotina


E todos os dias começam do mesmo jeito: a vida é repetição: de dias, de desejos, de medos, de loucuras.
Acordamos ora cansados ora felizes, e seguimos o roteiro das tarefas diárias, as vezes com perfeição cirúrgica, outras com desânimo total, na maioria das vezes com um misto de ambas. 
Passamos todos os dias pelos mesmos caminhos, no itinerário de repetições infinitas que nos leva ao trabalho, à escola, e de volta para casa. Cumprimentamos quem não conhecemos, e fingimos não ver quem nos conhece. Beijamos os filhos e partirmos, sempre com o coração apertado. Tentamos nos divertir no meio da selva da rotina fugindo para onde houver algum espaço, as vezes com tanta distração que nos esquecemos de voltar.
Insistimos naquilo que sabemos que não vai dar certo, por teimosia ou amor a luta, e rezamos todas as noites por dias novos, que nunca inventamos. Se somos surpreendidos com a visita do inesperado, agora rezamos, todas as noites, pela volta à rotina.
Quando o final do dia chega, vontade de tudo e de nada nos apondera. Vontade de estréias, mas a televisão nos hipnotiza. Dormimos com a esperança e acordamos conformados e assim a vida se esvai, dia após dia.
A rotina é prisão, mas também boa companhia. É aquela presença incômoda, e, ao mesmo tempo, reconfortante. É a serenidade do que nos é conhecido, outras vezes o tédio que nos oprime e sufoca .
Rotina tem cheiro de café com leite e aquele gosto de comida caseira. É o sofá velho da sala, e o capítulo do dia da novela das oito. É colo, é lar, é afago, dos quais temos que tirar férias algumas vezes por ano. Sem medo, e sem enganos.

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