quarta-feira, 14 de março de 2012

Confissões de uma balzaquiana

Devo confessar, ainda que engasgada com o sabor amargo do constrangimento que esta constatação  provoca: não nasci para ser rebelde. Sou uma ferrenha cumpridora de regras em tempo integral, uma trabalhadora braçal, de sol a sol, em ser certinha. Não espanta qual carreira eu tenha escolhido seguir. Meu boletim nunca trouxe anotações, não tenho pontos na carteira de motorista, sou mais fiel que um cachorro, minha ficha corrida é transparente de tão limpa. WTF? Você deve estar pensando. O problema é que ando farta de andar sempre na linha. Em 33 anos de vida meus maiores pecados foram tomar uns porres de vez em quando, sair da dieta, gastar um pouco além da conta (embora nunca tenha estourado meu limite de crédito) e, aimeudeus, nada mais. Nem cabular a aula! Nunca tomei multa, nunca bati o carro, nunca fugi de casa nem fiquei de castigo, nunca fumei o cachimbo da paz, nunca fui demitida. Nunca, nunca. Madre Teresa de Calcutá perderia o posto para mim. Como ainda não enlouqueci?
Pensando bem: tenho meus momentos de rebeldia, não sou santa, longe disso. Gasto toda esta energia reprimida de forma construtiva: faço exercícios, trabalho, cuido de filha, escrevo, leio, namoro, viajo, danço. Não é pouca coisa. Sempre foi assim, minha rebeldia adolescente era ouvir música aos berros trancada no quarto enquanto escrevia ferozmente numa máquina de escrever Olivetti, presente de natal dos meus 13 anos. Minha droga predileta, por sorte, era legalizada e vendida a poucos metros da minha casa: leite condensado misturado com Nescau ou qualquer outra coisa pastosa e doce, ok, também servia. Meu desafio maior era me tornar quem eu queria ser e para isso, vixe!,gasta-se uma energia danada.
A minha sorte é que sempre tive foco e nunca me deixei levar por modismos. Sabia, desde cedo, que os prazeres mundanos precisavam ficar sob controle, como um cão feroz, para não atacar seu próprio dono.
Explicação dada, obrigada, Freud. Mas ainda preciso fazer uma loucurazinha básica, sem efeitos colaterais, just for fun. Aceito sugestões, nada público, lembre-se de ser discreto como quem vos fala. Mande suas dicas inbox.

2 comentários:

  1. parei por aqui hoje (através de um comentário seu lá no Lulu não dorme) e tô adorando!

    Sugestão: mata o trabalho e vai a praia. diz que tá com ____ (inventa alguma coisa). Ou então ao parque de diversões.

    Sensação maravilhosa de transgressão. Tipo "curtindo a vida adoidado", saca?

    ó, mas se for pra praia, não esquece do protetor solar, heim. Fator 85!!

    beijos

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  2. Hahahaha A melhor sugestão foi passar protetor, afinal, não posso transgredir e deixar pista de onde fui, certo?

    Mande mais dicas!!!!!

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