quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

On the Rocks

Tenho ressaca da vida de vez em quando, sabe ressaca, gosto amargo na boca, vontade de colocar tudo para fora, ânsia, cansaço, vontade de nada.
Normalmente é efeito colateral dos excessos que cometemos diariamente: excesso de gente, de energia, de trabalho, de palavras. E então eu me recolho, quieta e contemplativa, esperando que tudo volte ao normal, que o rio deságüe no mar, que o cravo reencontre a rosa, que o mundo volte a girar. Talvez seja esta nossa inesgotável capacidade humana de acreditar, talvez seja, apenas, o final de um ciclo, ou a vontade soberana do criador. Mas este dia sempre acaba chegando, e eu me animo: mais um pilequinho, nova ressaca, e no final tudo volta ao normal novamente.
Mas sabe, ando mais seletiva, ultimamente. E esses porres de vida andam sendo mais esporádicos, embora mais prolongados. A resistência do organismo vai endurecendo, e mais e mais vezes ele reclama. Preciso obedecê-lo, dispensar quem me deixa enauseada, quem fala sem dizer nada, quem cansa meus ouvidos e me faz revirar os olhos, quem me dá uma surra de futilidade. Com esses, chega, não divido mais a mesa e não brindo mais nem com champagne.  Desta gente, juro, e ajoelho depois, não beberei jamais.
Quero novas fontes de vida, eu vou é procurar companhia em outros bares, com quem saiba dividir mais do que papo de bêbado, e que me acompanhe por outros caminhos. Com ou sem álcool, sem ou com gelo, mas que tenha coragem e seja autêntico.
Tenho ressaca é de gente falsificada.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário