segunda-feira, 16 de abril de 2012

Geração Barbie

Já reparou a sua volta? A modernidade deixa tudo igual. Eu, você, todas nós. Vestimos as mesmas roupas, suspiramos pelas mesmas grifes. Os sapatos da moda, os vestidos de Hollywood. O padrão de beleza universal da magra com curvas, a pele alva sem rugas, o cabelo liso levemente ondulado. Todas querem ser Gisele. As que não têm peito, compram alguns mililitros, as que têm muito, vendem alguns litros. Todas na fila da aula de spinning com suas bolsas francesas de duas siglas guardadas no locker da academia. Um exército de Flávias, Luisas, Fernandas, cinderelas que aspiram uma carreira bem sucedida, um casamento cinematográfico, o apartamento mobiliado pelo arquiteto da moda, o casal de filhos de capa de revista.
Quando juntas, se confudem, se misturam, tropeçam sobre as palavras. Todas sob a mesma voz. O criador se fundiu com a criatura? A geração das mulheres-Barbies, cinturinha pilão, roupas deslumbrantes, cabelão platinado, invejando os acessórios das amigas: salão de beleza, carro conversível, restaurante cinco estrelas, viagem para Paris.
Se autenticidade é artigo fora de catálogo, fato é que essa geração produz mulheres pré-fabricadas, em série, que não se contém em profanar as hereges que não foram aprovadas pelo controle de qualidade selado na maioria. Oremos por elas, coitadas, que desistiram de viver alisando o cabelo ou de morrerem de fome para caber no opressor manequim 38.
Felizes são as outras, isso sim!
A história se repete, e o que se vê é nova roupagem para o velho e perene desafio de lidar com as diferenças, de superar a dificuldade do respeito sem o julgamento a reboque. Vamos nos despir da beca e do martelo, meninas, ficaremos muito mais leves, tenho certeza. Precisamos urgente desta dieta  até para nos libertarmos das algozes que fomos de nós mesmas. Experimente mais essa: trocar de lugar com o outro! Nem água e alface emagrecem tanto a alma, é exercício tão recomendado como caminhar todas as manhãs.
Tarefa espinhosa essa que propus, einh? Reconheço, e ainda exige cuidado constante, atenção redobrada para não perdermos o hábito. Mas, pelos poderes de Greiscow!, faça o esforço. Eu estou na lida, é minha utopia de mulher pos-moderna analisada, e um dia chego lá.
Sorte mesmo tinha Leila Diniz. Fazia o que lhe dava na veneta e virou cult.


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