segunda-feira, 16 de abril de 2012

Cinco minutos

Não quero jóias, nem preciso de mais sapatos. Não me venha com presentes de fim de semana. O que quero não tem para vender. É luxo para poucos.
Preciso de tempo, mesmo que em doses homeopáticas, aprisionadas em frasquinhos de poucas gramas. Dê-me mais cinco minutos e serei feliz que nem criança.
Cinco minutos não é muito, mas serve, atende o que desejo. Cinco minutos para prolongar meu sono, para aninhar minha filha nos meus braços e embalá-la. Cinco minutos para abraçar longamente meu marido e repousar em silêncio no seu ombro. Cinco minutos para que eu deixe a pressa em casa e saia sozinha, livre, sem sua sombra sempre ao meu lado me perseguindo. Cinco minutos para poder apreciar a música que está tocando no rádio, sem cometer a heresia cotidiana de interrompê-la, logo ela que reacende lembranças tão doces. O tempo de saborear o gostinho do café na boca depois do almoço e o finzinho do bate papo com a amiga que não vejo há meses. Os contados minutos que desperdiçamos em filas, no trânsito, na espera burocrática e hodierna do tempo perdido que leva a lugar nenhum.
300 segundos. Tempo suficiente para ir até meus pensamentos e voltar à realidade. É isso que lhe peço: um gole de tempo, uma lufada de ar. Em outras palavras, dar um tempo do mundo.

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