segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Epidemia Virtual

O que fazer? Fui picada pelo mosquito da internet. Não é um aedes aegypti, mas também pode ser letal. Previna-se. Faça sua parte. Veja se há, em sua vida, pneus velhos cheios de água em que este mosquito pode se reproduzir. Como identificá-los? Assinale as alternativas abaixo, cada uma valendo dez pontos. Se fizer mais de quarenta, siga para o parágrafo seguinte.
Você já está na Rede, (i) e tem um filhote de alguma geração dos aparelhos portáteis que começam com “i” que é a sua sombra (ii), e lhe acompanha a todos os lugares, quiçá ao banheiro ou quando está adormecendo (iii); você não postaria isso em seu perfil nem por um decreto, mas, no fundo, se preocupa demais com que os outros pensam (iv), precisa da aprovação alheia para suas decisões (v), ansiedade é seu segundo nome (vi), e comparação com os outros é que nem tique-nervoso (vii), você faz e nem percebe: sinto lhe informar: você já foi contaminada!
Sem perceber, você passa seus dias totalmente subjugada a qualquer objeto que navegue em sua rede social predileta, e diverte-se apontando, onde está, para onde vai, ou observando os outros amigos que fazem o mesmo. Você considera qualquer  pensamento vão um candidato a ser compartilhado publicamente, porque, afinal, faz parte da regra do jogo: dividir, dividir, dividir. As fotos, os pensamentos, os destinos, as viagens, os livros, as músicas, a vida. Trata-se da síndrome da globalização do privado ou seria da publicização do indivíduo? Apanhe o rótulo que quiser na prateleira e sirva-se a vontade! Mas, please, amiguinha, como tudo nesta vida, com moderação! E uma pitada caprichada de autocrítica.
Vamos ao curso de etiqueta virtual em cinco rápidas lições: Não precisamos saber que você acabou de entrar na padaria ou que se acha a mais gostosa do pedaço com sua foto tirada em cima do muro de casa se sentindo a gata da hora! Não me interessa, também, acompanhar sua opinião a respeito de TUDO que se passa na televisão e de TODOS os artistas que aparecem nela. E sejamos honestos: querer se enaltecer demais é uma chatice sem fim e coloca o candidato na fila dos inseguros de plantão, que precisam de reconhecimento público para tudo que fazem, quando, na verdade, precisam mesmo é encontrar um terapeuta para deixar de usar a internet como divã; E eu já ia me esquecendo: postar foto de você bêbado não dá a impressão do quanto você se divertiu, mas do quanto você precisa que os outros pensem que você realmente se divertiu.
O barato da coisa é compartilhar momentos, pessoas, lugares. Mas tantas outras coisas devemos continuar guardando onde sempre estiveram: na nossa lembrança. Usemos o bom senso porque como disse Greta Garbo: “Há muitas coisas em seu coração que você nunca deve contar a ninguém. Seria baratear o seu íntimo sair espalhando-as por aí.”

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