Ontem eu briguei
com Deus. Eu pergunto, ele não responde. Ele fala, mas eu não escuto, e os tais
dos seus desígnios andam me enlouquecendo.
O auge de uma
provação me parece ser este, em que questionamos até nossas convicções mais
profundas, mas, numa esquizofrenia emocional resistimos a descartá-las morrendo
de medo do desafio de encontrar novas para ocupar o lugar vazio.
E assim vamos
caminhando, esperando um sinal divino que hesita em aparecer.
Já passei da
fase de achar que algo sensacional vai trazer a resposta que busco, que verei
luzinhas piscando ou que renas aparecerão trazendo a boa nova. Eu realmente
adoraria que estas cenas biblicamente possíveis, mas realisticamente
improváveis viessem a acontecer, mas não é por esses sinais que os sinos do
divino tocam. E é esse o problema. Como reconhecê-los se não são efusivos, se
não nos embalam de uma forma tão arrebatadora que mal conseguimos respirar?
Tenho, ainda,
parte da dúvida, e parte da certeza. Acredito que a resposta venha quando sentirmos
que sim, chegamos ao lugar certo, é mais uma sensação e um conforto do que um
milagre. Mas, para quem, como eu, ainda espera por milagres e sininhos tilintando
seria metaforicamente como um sopro de esperança, um afago do espírito santo ou
de quem lhe vista as vestes. Essa é a metade da certeza.
A outra metade,
que ainda me revira e me aprisiona, é a de que se saberemos reconhecer esta
resposta quando ela chegar, e, mais, se ela não chegar, como mudaremos de
direção? Apontar que estamos no caminho errado é uma resposta incompleta, como
sair dali se não soubermos para onde ir?
Pergunto, mas respondo. Apostando nesta
mesma intuição, que nos faz sentir que estamos onde devemos estar, e indo mais além,
ao deixarmos esta zona de conforto que a certeza nos propõe e assumir o risco de escolher uma direção e seguir naquele caminho, mesmo sem
saber onde ele vai dar. Se tudo der errado, voltar atrás, ou, mesmo dando
certo, mudar a rota se assim o quiser.
E é disso que a
vida é feita, afinal, certeza e dúvida, voltar e partir, idas e vindas, até o
dia da partida final.
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