sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Luto

Nunca estamos prontos para a morte. Passamos a vida tentando entendê-la, tentando encontrar um sentido para o fim, ou buscando uma eternidade que nunca virá. A busca se resume a tentar prolongar nossa saúde, nosso convívio com quem amamos, numa vã tentativa de nos esconder de algo inexorável, que sempre nos alcança.

Fazemos prognósticos, estimativas, numa patética e desesperada insistência em controlar o imponderável.
  
A verdade é que não há quem esteja imune a este dia, e que, cedo ou tarde ele chegará para todos.
 
A racionalização do caos, daquilo que não controlamos, tão cara ao seu humano, nos empurra a analisar quando a morte pode ser esperada, até mesmo desejada ou quando ela seria uma abrupta interrupção, quase uma intromissão indesejada no caminhar do indivíduo.

 Normalmente, aos enfermos e sofridos, ela é benesse e alívio, mas aos jovens, aos que ainda produzem e tanto podem fazer pela sociedade, seria uma dura sentença, inesperada e irrecorrível. Talvez porque o sentimento de perda venha se somar, neste último caso, ao choque dos que não puderam se despedir. E a despedida, ainda que dolorosa, é, também, uma forma de nos conformarmos com o fim. Sem adeus, o fim é inaceitável, quase uma punição, a que todos estamos miseravelmente condenados.
 
Perder um amigo, a quem devotávamos empatia e admiração, no auge de uma vida plena, finalmente conquistada, com data marcada para a felicidade é provar deste fel.
 
Perder um amigo covardemente assassinado, no exercício de sua função recentemente conquistada, para a qual se preparou por toda a vida, é invadir a escuridão das dores incompreendidas. E lá permanecer, como uma noite profunda, esperando alguma luz se acender.
 
No dia em que o sol vier a brilhar saberemos que o fim na verdade é um meio e que esta estrada não foi interrompida como parece: o caminho é que mudou de direção.

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