Nunca estamos prontos para a
morte. Passamos a vida tentando entendê-la, tentando encontrar um sentido para
o fim, ou buscando uma eternidade que nunca virá. A busca se resume a tentar
prolongar nossa saúde, nosso convívio com quem amamos, numa vã tentativa de nos
esconder de algo inexorável, que sempre nos alcança.
Fazemos prognósticos,
estimativas, numa patética e desesperada insistência em controlar o
imponderável.
A verdade é que não há quem
esteja imune a este dia, e que, cedo ou tarde ele chegará para todos.
A racionalização do caos, daquilo
que não controlamos, tão cara ao seu humano, nos empurra a analisar quando a
morte pode ser esperada, até mesmo desejada ou quando ela seria uma abrupta
interrupção, quase uma intromissão indesejada no caminhar do indivíduo.
Normalmente, aos enfermos e sofridos, ela é benesse e alívio, mas aos jovens,
aos que ainda produzem e tanto podem fazer pela sociedade, seria uma dura
sentença, inesperada e irrecorrível. Talvez porque o sentimento de
perda venha se somar, neste último caso, ao choque dos que não puderam se
despedir. E a despedida, ainda que dolorosa, é, também, uma forma de nos
conformarmos com o fim. Sem adeus, o fim é inaceitável,
quase uma punição, a que todos estamos miseravelmente condenados.
Perder um amigo, a quem
devotávamos empatia e admiração, no auge de uma vida plena, finalmente
conquistada, com data marcada para a felicidade é provar deste fel.
Perder um amigo covardemente
assassinado, no exercício de sua função recentemente conquistada, para a qual
se preparou por toda a vida, é invadir a escuridão das dores incompreendidas. E
lá permanecer, como uma noite profunda, esperando alguma luz se acender.
No dia em que o sol vier a brilhar
saberemos que o fim na verdade é um meio e que esta estrada não foi
interrompida como parece: o caminho é que mudou de direção.
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