segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Meus dez mandamentos

Direito é o estudo das teorias e dos princípios. Existem princípios sem fim, com perdão do trocadilho. Você aprende, estuda, decora. Acha lindo citá-los em seus recursos e apesar do tempo perdido com eles, os juízes dão de ombros. Usam os que gostam, e deixam de lado os outros. Mas eu insisto neles ainda assim. Adoro uma teoria assim como adoro um bom livro. Uso nas horas certas, para exercitar minha imaginação.
Há uma teoria jurídica especialmente interessante que deveria ser importada para nossa vida, a teoria da reserva do possível. Deixando para lá todo o desnecessário juridiquês que a envolve, e trocando em miúdos, a teoria diz o seguinte: o Estado tem o dever de prestar serviços, de honrar obrigações, de exercitar seus deveres, mas dentro dos limites do razoável, não se podendo exigir dele tarefas inexequíveis. O Estado é grande, é poderoso, mas não é mágico. Se o Estado não consegue, por que eu tenho que conseguir?
As vésperas de fazer aniversário, decidi aplicar a teoria da reserva do possível na minha vida. E acho que este deve ser um dos melhores presentes que me dei nos últimos 33 anos. Exigir de mim além da conta me deu um fardo pesado demais para carregar a ponto de causar estragos irreversíveis na minha espinha dorsal emocional. Hoje, só quero aquilo que seja possível, sem gelo nem limão, puro mesmo. Não vou me comprometer com tarefas que estão na minha lista pessoal a cada ano que entra e que nunca consigo realizar. Vou ser a melhor esposa, mãe, advogada e filha que conseguir ser, mas sem metas inatingíveis. Vou cuidar de mim também, ao invés de pensar sempre primeiro nos outros. Não quero mais emagrecer dez quilos, conhecer o mundo, ficar rica, quero estar em forma, viajar pelo mundo e ter uma vida confortável. Quero ter metas, mas sem sentir-me refém delas. Quero me permitir ser feliz, mesmo que a louça fique na pia no final de semana, mesmo que eu ultrapasse os vinte pontos da dieta do dia, mesmo que eu não dê conta do trabalho todo antes de entrar de férias, mesmo que as coisas saiam do controle de vez em quando. Vou tentar, prometo! Meu mantra: respirar fundo, segurar na mão de Deus e seguir em frente, baby. Sem olhar para trás!

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