sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Coruja

Muito prazer, sou uma mãe coruja! Sou novata no grupo, ainda estou me enturmando. Mas os sintomas já estão aparecendo, e ando assustada comigo mesma. Onde foi parar meu bom senso, meu equilíbrio, minha sensatez?
Acordo de madrugada e vou ver se minha corujinha está respirando. Se fico na dúvida, só volto a dormir tranqüila depois de uma esbarradinha de leve para ver se ela reage e se mexe um pouquinho. Nada grave, né, doutor?
Palpitações às vezes me acometem, especialmente quando ela faz beicinho, os lábios tremendo, instantes antes de chorar. Ou quando abre o sorriso, espreme os olhinhos e vira o rostinho para o lado, esperando aprovação.
Sinto até tonturas quando a vejo dando gritinhos de alegria, no pique e esconde que improvisamos na sala de jantar, ou quando, cheia de si, e com autoridade, retira qualquer distração das minhas mãos que me fazem perdê-la de vista por alguns segundos.
E tem mais. Fico sem ar, sem fôlego, sem chão, quando as gargalhadas invadem aquele pequenino ser cada vez que se decreta o início do ataque de cosquinhas.
Vejo meus olhos úmidos, marejados, quando a percebo crescida, balbuciando palavras, em especial quando chama “Mamãe”.
Sou acometida de uma graça um tanto divina quando seus olhinhos me procuram e vêem ao meu encontro, se unindo a mim em um abraço.
O diagnóstico se confirmou, nem exame careceu de ser feito.
“Corujice aguda, minha senhora, sem medo de errar.”

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