quinta-feira, 14 de junho de 2012

Do que eu sei do matrimônio

Dizem que é instituição falida, eu digo que está em franca recuperação. Dizem que desgasta a relação, eu digo que une o casal. Dizem que é o fim da vida, eu diria que é o recomeço. Mas precisa regar a plantinha. Tem que ter amor.
Casamento não é para iniciantes, é para quem já conhece um pouco de si, do outro, e da vida. Não serve como estopim para sair de casa, nem como grito de liberdade. Mas tem suas serventias.
Casamento é bom para quem sabe dividir, e para quem gosta de conversar, e de ouvir. É curso completo de paciência, e um ensaio sempre inacabado do que poderia ser e não foi. É vinho argentino em plena quarta-feira, e um roteiro delicioso de pequenas rotinas. Casamento é ouvir a tevê cospir tiros ou gritos de gol nas tardes de domingo e filmes românticos nas noites de sábado. É não se constranger em partilhar silêncios nem se impressionar com inesperados sorrisos. É brigar por palavras mal entendidas e por outras que nunca foram ditas. É sofrer por dar sem receber ou por receber aquilo que não se quer dar. Casamento é uma tentativa autodidata de aprendizado do idioma do outro. Mas pode ser também puro medo da solidão. É visitar lugares que você nunca iria se fosse outro o seu estado civil. É assinar junto tudo que for importante, e separado os bilhetinhos de amor. É mistura de doce com salgado, azedo com amargo sem dar indigestão. Casamento é cuidar do outro como se cuida de si mesmo.

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