Sinal dos
tempos. Na era da informação rápida, do acesso de internet banda larga, do
transporte a jato, desaprendemos a esperar. Praticamos a impaciência
diariamente, e este treino constante tem feito façanhas: somos ainda mais
selvagens do que éramos originalmente, e momentos prosaicos como filas de
banco, de supermercado ou de carros aguardando o sinal abrir têm se
transformado em arenas públicas para todo tipo de selvageria.
Só quero tempo,
não quero mais nada, dizem, sempre correndo, os membros desta manada. A versão
homo sapiens pós moderna. “Gosto da vida
na versão fast food, dispenso couvert e sobremesa. E por falar nisso, garçom, traz
logo a conta?”
Se tudo é tão
mais rápido, se a vida deve ser atravessada nesta pressa, para onde vai o tempo
que sobra? E o que fazemos com ele?
Não se anime.
Poucos sabem tirar proveito deste presente, poucos são os que sabem usar com
sabedoria este “extratime” cupom. A maioria se intoxica com mais doses
cavalares de ócio na internet, de tempo vazio, sem uso em próprio benefício. E
nem estou aqui a falar do exercício da contemplação, do ócio produtivo, que é
olhar para si mesmo, refletir, meditar, o dolce
far niente tão bem vindo, e que é a força motriz da imaginação, da
criatividade, do autoconhecimento, da tão aclamada paz interior.
O tempo que
resta é um tempo perdido com consumismo exagerado, com amizades virtualizadas,
com preocupações inúteis, com fofoca e preocupação com a vida alheia. Ou seja,
desperdício de tempo. O tempo, nunca antes tão precioso, e tão mediocremente
banalizado.
Até que um dia, quando
nos damos conta do quanto já perdemos, e do que falta de vida para esvaziar de
vez nossa ampuleta, acordamos sobressaltados, sensíveis que somos a fragilidade
de nossa existência.
Prepare-se, esse
dia chega, cedo ou tarde, e para todos, aí vemos o quão inútil é discutir por
aquilo que não sabemos aproveitar, e quanto estamos desgraçadamente
despreparados para seguir nesta marcha de tempo que se chama vida.
Meu dia chegou.
Não pretendo mais duelar comigo mesma, tampouco amamentar ilusões ou devaneios
ao invés de viver, simplesmente, para o que realmente vale a pena. Decidi
tatuar na minha alma o sentido dos meus dias. Sim, é uma escolha, e é para todo
o sempre.
Desejo fortemente que chegue logo o seu dia e que te libertes de todo o vazio. Amém.
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